quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Deu na ZH

A política do rock
Enquanto a cena de Porto Alegre padece moribunda, implodindo em decadência feito o Congresso, com bandas mais desunidas do que a cúpula do PT, eis que surge uma esperança, uma luz, um exemplo, uma lição, um messias, uma bênção, enfim, um troço massa mesmo.Mais romântica do que um cara-pintada, mais ingênua do que a oposição do PCO (ok, tá enchendo o saco essa analogia com a política, mas é importante, acredite), mais combativa do que a Heloísa Helena, uma turma da Região Metropolitana vem dando aula de como se constrói uma cena roqueira. Porque, para montar uma cena, é preciso romantismo, ingenuidade e combatividade. Talvez política não seja só isso, mas rock é.Bueno, o fato é que de uns anos para cá uma ideia cresce na Região Metropolitana, e as bandas lotam bares a torto e a direito, e parcerias são fechadas com as prefeituras, e grupos de outros Estados tocam em Canoas, e festivais fervilham sem parar, e uma banda chamada Cu Sujo tem público cativo. Troço fantástico!Trata-se dos “coletivos”. São associações sem fins lucrativos que reúnem uma penca de bandas, produtores, donos de estúdios etc. O lance é baseado na tal “economia solidária”. Por exemplo, se o vocalista de uma banda é designer, ele cria o logotipo do estúdio de outro integrante do coletivo. Em troca, vai gravar duas músicas de graça. Já se um guitarrista manja de eletrônica, ele conserta um amplificador e, na permuta, vai receber tantas horas de ensaio.– Isso tudo só funciona quando a cena anda. Um ciclo econômico começa a funcionar e, daqui a pouco, todos conseguem se manter – diz Wender Zanon, um dos cabeças do Coletivo BIL (Bandas Independentes Locais), de Canoas.É tanta banda unida que, naturalmente, chama a atenção. A prefeitura de Canoas – aqui, em um exemplo de política justa – convocou o BIL para montar um palco alternativo na Festa do Trabalhador, evento tradicional da cidade no Dia do Trabalho. Em julho, o coletivo levou para Canoas o Ratos de Porão, que sequer deu as caras na Capital. O BIL ainda organizou o 1º Festival Canoense de Videoclipes Independentes e, em três anos, lançou três coletâneas com bandas locais. Pelo amor de Deus, isso é sensacional.Outros coletivos pipocam em Esteio, São Leopoldo e já chegam a Santa Maria, Venâncio Aires e Pelotas. Na Capital, desde 2007 existe o Coletivo ExtremoRockSul, com adesão ainda tímida.– Exatamente por sermos de Porto Alegre, nos sentimos na obrigação de propagar essa ideia – diz o produtor Juliano Fraga, romântico feito um cara-pintada.Assim se faz política no rock.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Que absurdo! Que vergonha!Uma cidade como Porto Alegre, com uma história de democratização, de participação popular, de permanente reinvenção e oxigenação cultural, tratada desta forma...Esta tal "conferência de cultura" mais parece um balaio de gato, uma "tarefa" tratada com desgosto pela burocracia de plantão... Deixaram pra última hora e juntaram tudo, sem debates preparatórios, sem seminários de qualificação, sem a participação das comunidades. É inacreditável!Qual ligação a organização identificou entre "tradição, folclore, descentralização e op"???(talvez a descentralização e a democracia participativa nos lembrem os "velhos tempos de nosso pago amado"...) Ou então "artes cênicas, patrimônio e memória" (hueheuheu) Gostei de "Música, livro e literatura"! (claro: é legal ler pra escrever uma letra de música, além de que é muito agradável escrever escutando uma boa canção... hueheuheu. Pena que em termos de POLÍTICAS PÚBLICAS se tratem de universos tão específicos - falando nisso: onde estão as Bibliotecas Comunitárias que o professor de Leras e secretário de "cultura" Sérgius Gonzaga promete desde seu primeiro ano de governo, nos idos de 2005? e o Araújo Vianna? e o Festival de Música? - ah, entendi pq juntaram tudo: nada + nada = nada!)Em outros anos tínhamos encontros com militantes, intelectuais, artistas, produtores e produtoras... tínhamos uma verdadeira intenção de discutir e reelaborar nossa história cultural... Quer dizer, estes dias eu recebi um convite bem bonito e elegante tratando das questões culturais de Porto Alegre. Culturais e fundamentalmente econômicas: só tratavam de temas relacionados a grana, numa parceria entre o Banco Santander e a Prefeitura de Porto Alegre. Ali é que se discutia o "quente" ($) da política pública cultural. Provavelmente planejavam mais "empreendimentos comerciais" na orla, shoppings e coisas do tipo...Pôxa! Se a Prefeitura de Porto Alegre não tem nada pra discutir com o povão, que ao menos garantisse um espaço qualificado pra discutirmos as políticas públicas nacionais de cultura!Enfim, seguimos nesse marasmo, nessa pseudo-democracia de faz de conta...João Pontes